A animação chinesa que se tornou o primeiro filme fora de Hollywood a faturar US$ 1 bilhão
Primeiro filme bilionário de 2025 veio do cinema chinês, que arrecadou mais de US$ 1 bilhão em seu país de origem.
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Desde que Titanic se tornou, em 1998, o primeiro filme a faturar mais de US$ 1 bilhão nas bilheterias globais, 57 longas quebraram essa marca nos 27 anos que se seguiram.
Entre blockbusters de super-heróis, animações de sucesso e sequências desnecessárias, todos eles tinham uma única coisa em comum: foram produzidos e financiados em Hollywood.
Mas agora isso mudou.
A animação chinesa Ne Zha 2 atingiu a incrível marca de US$ 1,6 bilhão nas bilheterias somente da China. Com isso, o filme também quebrou uma marca que nenhum longa hollywoodiano conseguiu até hoje: faturar mais de US$ 1 bilhão em um único território.
No mercado doméstico (que compreende EUA e Canadá), quem mais chegou perto foi Star Wars, com US$ 936 milhões entre 2015 e 2016.
Como o numeral no título indica, Ne Zha 2 é a sequência de um outro sucesso animado do cinema chinês. Seu predecessor estreou em julho de 2019 e faturou US$ 726 milhões na China.
Bem recebida pelos espectadores do país (e até por americanos, como é o caso do autor Scott Mendelson), o primeiro Ne Zha agora levou a uma sequência ainda mais bem sucedida.
Vale ressaltar que o momento atual é o do feriado do Ano Novo Lunar, que tradicionalmente resulta nas maiores bilheterias do ano na China. Em 2025, Ne Zha 2 não é o único blockbuster chinês em cartaz no país oriental.
Entre comédias e filmes de ação, há opções para todos os gostos. E ainda assim a animação conseguiu atingir números históricos.
Recordes de bilheteria
O longa estreou na China no final de janeiro. Entre quarta-feira e domingo, sua bilheteria foi de US$ 430 milhões, sendo US$ 299 milhões no período de sexta a domingo.
Como comparação, o megasucesso do MCU Vingadores: Ultimato também levou cinco dias (entre sua primeira sexta-feira e terça) para chegar a US$ 427 milhões.
Ao longo da semana que se seguiu, Ne Zha 2 não perdeu o fôlego, conquistando bilheterias diárias recorde para animações. Em seu segundo fim de semana, o longa arrecadou absurdos US$ 265 milhões.
Para que você tenha uma ideia: os maiores segundos finais de semana na bilheteria americana foram pouco abaixo dos US$ 150 milhões.
Já na terceira semana, o filme fez o impensável e cresceu nas bilheterias: foram nada menos que US$ 273 milhões.
Mesmo se seu segundo ou terceiro fins de semana fossem os de estreia, ainda seria acima do de qualquer filme nos EUA à exceção de Ultimato (que abriu com US$ 357 milhões em 2019).
Mesmo após bilheterias tão acima do normal, Ne Zha 2 não dá sinais de que vai perder o fôlego. O longa faturou bem mais do que o novo lançamento da Marvel Capitão América: Admirável Mundo Novo (míseros US$ 10,2 milhões).
Em breve, Ne Zha 2 logo vai se superar Divertida Mente 2 (US$ 1,7 bilhão) como a maior animação da história.
Vale ressaltar, grande parte disso veio apenas na bilheteria chinesa (o longa recebeu um lançamento limitado nos EUA na última sexta).
Qual será a resposta de Hollywood?
Se nem Vingadores nem Star Wars conseguiram chegar ao US$ 1 bilhão em um único território (um feito que Ne Zha 2 precisou de apenas duas semanas para conquistar), será que algum longa hollywoodiano ainda tem chances?
Há os novos Vingadores, que chegam em 2026 e 2027, e são eles quem parecem ser os maiores candidatos. Temos também as sequências de Avatar, que devem continuar sendo lançadas até o início da próxima década.
Entre as animações, novos capítulos de franquias como Frozen, Os Incríveis e Shrek certamente farão muito dinheiro.
Mas daí a chegar ao US$ 1 bilhão somente na bilheteria americana é outra história.
Chineses preferem filmes locais
No fim das contas, o sucesso sem precedentes de Ne Zha 2 sinaliza o “divórcio” completo entre os filmes americanos e o público chinês.
Na década passada, Hollywood passou a investir mais em tentativas de atrair a audiência do país de olho em um dos maiores mercados de cinema do mundo.
Os resultados foram mistos: enquanto alguns blockbusters americanos de fato conquistaram a audiência local (como Velozes & Furiosos e vários filmes de super-heróis e de monstros gigantes), outros não impressionaram os chineses – vide a constrangedora tentativa de Hollywood em tentar atrair o público para Star Wars.
Os estúdios hollywoodianos ficam com apenas 25% do valor dos ingressos vendidos para seus filmes na China (em outros territórios esta porcentagem é bem maior).
Ainda assim, eles fizeram de tudo para cativar a gigantesca audiência local. E no fim da década parecia que seus esforços haviam gerado resultados, ao menos para filmes de heróis. Foi o caso de Venom, Aquaman, Homem-Aranha: Longe de Casa e Vingadores: Guerra Infinita e Ultimato.
Porém, a pandemia de Covid 19 começou na China e fechou as salas de cinema de todo o país – e depois no mundo. Quando começaram a reabrir, o governo chinês passou a ser muito mais restrito acerca de quais filmes receberiam autorização para estrear no país.
Longas hollywoodianos que certamente teriam feito excelentes números por lá, como Venom: Tempo de Carnificina e Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, acabaram proibidos pelas autoridades locais.
Longas de Hollywood decaíram na China
Isso começou a mudar a partir de 2023. Porém, o estrago já estava feito e filmes hollywoodianos foram recebidos na China com bilheterias muito inferiores ao de costume.
Tirando sucessos ocasionais, como Alien: Romulus, Godzilla e Kong e Avatar: O Caminho da Água, longas hollywoodianos decaíram fortemente entre os chineses.
Enquanto isso, a indústria de cinema chinesa cresceu e se consolidou. Antes da pandemia, as bilheterias de filmes locais já chamavam a atenção de Hollywood.
Em 2017, um sucesso chinês tornou-se uma das 10 maiores bilheterias globais do ano. Foi a ação Wolf Warrior 2, que arrecadou US$ 870 milhões, acima dos hollywoodianos Guardiões da Galáxia Vol. 2, Thor: Ragnarok e Mulher-Maravilha.
Mas os diversos sucessos do cinema chinês na atual década mostraram que o público do país não precisa mais de Hollywood para ter a ação e a emoção de blockbusters na telona do cinema.
Os chineses preferem valorizar o produto local do que o americano, apesar de todos os esforços de Hollywood em agradar aos asiáticos.
Considerando o tamanho gigantesco do mercado de cinema chinês, é certo que mais filmes bilionários do país virão no futuro.
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