Crítica: ‘Nos Seus Sonhos’ – Surpresa cheia de coração na Netflix

“Nos Seus Sonhos” está chegando à Netflix e a estreia de uma nova produção como essa sempre reacende uma antiga questão. Afinal, em um cinema cada vez mais dominado por continuações, spin-offs ou adaptações, ter algo original e que não venha dos estúdios mais consolidados, é sempre algo interessante e que vale prestar atenção.

E isso não poderia estar mais certo do que aqui, no filme dirigido por Alex Woo! O animador mostrou que aprendeu bem o essencial da Pixar nos anos em que trabalhou por lá: a pureza!

Claro que ajuda ter uma animação bonita e coisas fantásticas e lugares interessantes em tela. mas nada disso adianta se nós não nos importarmos com os personagens. E esse já é o maior acerto do filme.

Nos Seus Sonhos traz uma dupla realmente carismática

A dinâmica de irmãos de idades diferentes é recorrente em animações e sempre cai em clichês. Mas tem bastante coisa em Stevie e Elliot que extrai o melhor disso, em vez de reforçar clichês que só deixam os personagens mais automáticos. E isso é difícil hoje em dia!

Com os protagonistas no jeitinho certo, fica ainda mais fácil se envolver e se divertir enquanto eles desbravam todos os mundos e situações malucas que os sonhos nos trazem.

Sejam sonhos de voo, quedas, comida virando animal ou até mesmo aqueles pesadelos que nos acordam no meio da noite, o filme realmente brinca e se diverte passeando por eles, como se fosse uma conversa sincera e direta para quem gosta bastante do assunto.

Mesmo se não tivesse uma trama, só os passeios e a luta contra os pesadelos já gerariam algo interessante. Mas a trama principal pincela com honestidade o medo do divórcio e o medo de ter todo um círculo familiar se quebrando.

O elenco de dublagem da família está EXCELENTE

É um dilema para as crianças e também um dilema para os outros, com as atuações de Simu Liu e Cristin Milioti ajudando a dar mais camada e evitando que eles sejam apenas os “personagens pais”.

Voltando aos sonhos, a reviravolta principal não é lá o forte do filme ou algo que realmente surpreenda. A conclusão é bastante competente, mas a perda de ritmo nesse desenvolvimento é o elo mais fraco do roteiro.

Inevitavelmente puxando para a experiência do diretor na Pixar, faz uma diferença quando não conseguimos nos envolver com o vilão. Seja para amá-lo ou odiá-lo.

Esteticamente, o filme poderia apostar mais na diversificação dos traços e estilos de animações, algo que acontece em momentos pontuais. Mas, é claro, isso é apenas um detalhe.

E, por fim, nada tira o clima de conforto que é acompanhar essa família específica resolvendo seus problemas. Uma grata surpresa no streaming e que coloca Alex Woo e a sua Kuku Studios como uma produtora de animações que devemos prestar muita atenção daqui pra frente!

NOTA: 3/5