Disney e Universal processam Midjourney, grande ferramenta de IA

A Disney e a Universal Pictures parecem ter dado o primeiro grande passo de Hollywood em reação ao fenômeno das IAs na internet.

Disney e Universal processam Midjourney

A Disney e a Universal Pictures parecem ter dado o primeiro grande passo de Hollywood em reação ao fenômeno das IAs na internet. Nos últimos dias, as duas empresas processaram o Midjourney, um dos maiores geradores de imagem e percussores da área.

No processo, elas alegam que a ferramenta foi treinada em cima de material de ambas empresas e suas vastas propriedades. Algo que o próprio criador da empresa por trás do Midjourney já havia admitido.

Anos atrás, David Holz confirmou que usaram milhares de imagens disponíveis pela internet, sem se preocupar com direitos autorais ou qualquer coisa do tipo.

No meio do processo, as empresas também anexaram diversas imagens ressaltando o uso indevido de material protegido por direitos autorais. Confira algumas das imagens:

Portanto, agora nos resta aguardar quais serão os próximos episódios desse caso. Será que Hollywood vai começar a agir contra o uso das IAs em cima de propriedades intelectuais?

Sigam de olho aqui no imaginews para mais informações.

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IA em animações gera alerta na indústria

O uso de IA nas áreas das animações, dublagens e qualquer tipo de produção audiovisual tem sido um medo constante. Afinal, a tecnologia tem se aprimorado de uma maneira assustadora.

E todos sabem que as indústrias podem optar por essa tecnologia em vez dos artistas reais. Aproveitando o vindouro festival de Annecy, uma coalizão de sindicatos, federações e organizações fizeram um grande apelo quanto ao uso de IA em animações.

Ademais, em uma declaração extensa, eles pedem por leis que amparem os trabalhadores do ramo. Tal como pedem que os grandes estúdios, produtores e executivos lutem para manter a cultura criativa e os profissionais humanos.

Confira a declaração completa, via Cartoon Brew:

Indústria da animação em perigo: Sindicatos globais declaram emergência diante do uso da IA generativa

É um fato inegável que a indústria da animação tem sofrido enormemente nos últimos anos. A economia do streaming provou não ser lucrativa e os gastos elevados durante a pandemia levaram ao inevitável colapso da bolha do streaming. São os trabalhadores, contratados com promessas falsas, que estão sentindo as repercussões por meio de demissões em massa, aumento da terceirização, fusões e aquisições que levam ao fechamento de estúdios e orçamentos cada vez menores. Isso ecoa em várias indústrias de entretenimento audiovisual e afeta trabalhadores da animação, música, efeitos visuais (VFX) e da indústria de jogos.

A rápida expansão da IA generativa na animação é impulsionada pela crença de que ela seria a resposta para esses problemas. Trabalhar nessas indústrias é uma batalha constante para provar nosso valor econômico a um número muito pequeno de pessoas — e para essas pessoas, a IA generativa oferece uma proposta boa demais para ser verdade: uma máquina quase mágica capaz de produzir palavras e imagens a partir de descrições vagas e simples.

A IA generativa não é uma ferramenta, nem eficaz, nem barata. É uma máquina de cópias, falha, destrutiva e cara de operar. A IA generativa literalmente se baseia e extrai não apenas de obras protegidas por direitos autorais sobre as quais foi treinada, mas também dos valores culturais e normas humanas locais incorporados nessas obras. Ela representa uma ameaça imediata à inovação e renovação criativa, substituindo a riqueza e diversidade que caracterizam a criatividade humana por uma criatividade moldada pelos preconceitos de quem a controla e utiliza. Ela ativamente expulsa profissionais criativos de suas respectivas indústrias, o que não apenas levará à perda inevitável de conhecimento e talento — perdas que jamais serão totalmente recuperadas —, mas também resultará na privatização de todo o processo artístico e do pensamento criativo.

A IA generativa é uma tecnologia que não busca apoiar artistas, mas destruí-los. A ausência de humanos é uma característica, não uma falha, da arte gerada por IA. Ela não é uma ferramenta. Não “usamos” a IA generativa — negociamos com ela para tentar fazê-la realizar aquilo que queremos. A IA generativa promete apenas a perda de empregos e meios de subsistência para milhões de pessoas ao redor do mundo que mantêm o mundo conectado por meio de sua arte.

Infelizmente, a indústria audiovisual não é a única vítima desse desenvolvimento tecnológico cada vez mais prejudicial. Essa mesma tecnologia está sendo usada para fomentar discórdia, confusão e desconfiança no público, com implicações que vão além da segurança internacional, incluindo a fabricação de provas criminais e notícias falsas, novas formas de assédio sexual, como pornografia deepfake e/ou violações de privacidade. O poder computacional necessário para treinar e utilizar modelos de IA generativa exige uma quantidade absurda de eletricidade e água, o que pressiona diretamente os recursos hídricos municipais e perturba os ecossistemas locais. Esse crescimento descontrolado e o otimismo tecnológico injustificado acarretam consequências ambientais gravíssimas, incluindo demanda crescente por poder de computação, pegadas de carbono maiores, mudanças nos padrões de demanda de eletricidade e esgotamento acelerado dos recursos naturais — tudo isso explorando sem qualquer respeito aos direitos humanos.

Diante disso, é necessário criar estruturas de proteção em torno do uso ético e justo da IA. Para isso, referimo-nos ao estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que propõe o conceito dos “3Cs” (compensação, controle sobre o uso da obra do criador e consentimento informado), além de políticas, nacionais e internacionais, para gerenciar a transição da força de trabalho por meio do desenvolvimento de habilidades e da proteção social aos trabalhadores afetados pela IA.

Consentimento: Um equilíbrio razoável entre, de um lado, a inovação tecnológica, e de outro, um setor cultural e criativo forte e sustentável, exige que o treinamento de IA com obras protegidas por direitos autorais só seja possível com o consentimento (informado) dos autores dessas obras.

Compensação: Intérpretes e criadores devem ser compensados de forma justa pelo uso de suas obras — incluindo, mas não se limitando a, ilustrações, animações, roteiros, trabalhos de voz, aparência ou imagem — em conteúdos gerados por IA.

Controles: Criadores — como escritores, músicos, cineastas, artistas visuais e outros profissionais — precisam ter o poder de decidir como suas obras, identidades e contribuições criativas são usadas, adaptadas ou reproduzidas por sistemas de IA. Esse controle garante que a propriedade intelectual (PI), o trabalho e a reputação dos criadores sejam respeitados e que eles recebam o devido reconhecimento e compensação. Para que isso seja possível, os criadores precisam compreender o que é a IA — especialmente a IA generativa — e também é necessário capacitá-los para que possam negociar condições de trabalho justas.

Conclamamos reguladores, legisladores e governos a lutarem pela cultura, pela arte e pelo valor que elas oferecem, elaborando e implementando legislações que protejam esses trabalhadores e seus direitos.

Conclamamos produtores, showrunners, chefes de estúdio e equipes de produção a compreender e proteger nossa cultura criativa e a priorizar tanto os trabalhadores quanto nossas obras.

Conclamamos todos os trabalhadores criativos do mundo a se unirem. Pedimos que vocês apoiem obras feitas por humanos. Pedimos que se manifestem contra a implementação da IA. Pedimos que se informem e se sindicalizem com seus colegas para proteger nossa arte e cultura, nosso trabalho e nosso sustento.

Enfim, o que você achou desse manifesto? Vamos torcer para que os estúdios e produtores se manifestem o quanto antes!

Para mais informações e curiosidades, siga de olho aqui no imaginews.

De fã para fã. Jornalista, redator e criador de conteúdo, já teve a fita verde do Toy Story.
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